Não sei o que faço na Ribeira. Finjo que espero alguém como se tivesse que me justificar ao mundo. Sento-me na esplanada, peço uma cerveja e uma “Francesinha”, tiro o meu bloco e a caneta, e começo a escrever compulsivamente.
Não sei o que faço aqui nem como vim aqui parar.
- Olhe assim a comida arrefece! – disse a jovem empregada com sotaque brasileiro e sempre a sorrir. Devolvi o sorriso e continuei a escrever. Quando ela voltou com a segunda cerveja não resistiu e lá fez a pergunta do costume.
- Você é escritor?
Não sei se sou escritor.
Nem sequer sei quem sou ou se já morri!
Perplexa com a minha resposta lá seguiu a sua labuta, enquanto sorvo a cerveja e continuo a escrever compulsivamente. A "Francesinha", já gélida como a cerveja, vai-me fazendo companhia enquanto escrevo e tento perceber o que aqui faço e como vim aqui parar!
Mas que raio fazes tu aqui se nem sequer comigo falas?!
De quando em vez, a jovem empregada vai olhando a esplanada e lá vem com a terceira cerveja. - você não comeu, a comida deve estar gelada! Ainda intrigada com a minha resposta, não resistiu e lá fez outra pergunta do costume.
Como é possível você não saber quem é ou se já morreu?!
Eu sou uma ALMA velha, em estado cilício…
PERDIDO nestas letras tortas procurando saber quem sou e quiçá renascer…
Escrita a duas mãos por :
João Dórdio & Márcio Silva
https://www.facebook.com/MarcioSilvaAuto/