segunda-feira, 16 de outubro de 2023

PERDIDO

Não sei o que faço na Ribeira. Finjo que espero alguém como se tivesse que me justificar ao mundo. Sento-me na esplanada, peço uma cerveja e uma “Francesinha”, tiro o meu bloco e a caneta, e começo a escrever compulsivamente. 

Não sei o que faço aqui nem como vim aqui parar.

- Olhe assim a comida arrefece! – disse a jovem empregada com sotaque brasileiro e sempre a sorrir. Devolvi o sorriso e continuei a escrever. Quando ela voltou com a segunda cerveja não resistiu e lá fez a pergunta do costume.
- Você é escritor?

Não sei se sou escritor.
Nem sequer sei quem sou ou se já morri!

Perplexa com a minha resposta lá seguiu a sua labuta, enquanto sorvo a cerveja e continuo a escrever compulsivamente. A "Francesinha", já gélida como a cerveja, vai-me fazendo companhia enquanto escrevo e tento perceber o que aqui faço e como vim aqui parar! 

Mas que raio fazes tu aqui se nem sequer comigo falas?! 

De quando em vez, a jovem empregada vai olhando a esplanada e lá vem com a terceira cerveja. - você não comeu, a comida deve estar gelada! Ainda intrigada com a minha resposta, não resistiu e lá fez outra pergunta do costume. 
Como é possível você não saber quem é ou se já morreu?! 

Eu sou uma ALMA velha, em estado cilício…
PERDIDO nestas letras tortas procurando saber quem sou e quiçá renascer… 

Escrita a duas mãos por :
João Dórdio & Márcio Silva 
https://www.facebook.com/MarcioSilvaAuto/ 





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